Verso Insano

Agarro-me ao seu pescoço...

Fico pendurado em seu ombro...

Descanso perto do seu coração...

Quando você me levanta,

Paro diante dos seus olhos,

Tão perto que nem me vê...

Mostro-te a verdade nítida,

Que seu olhar confuso esconde,

E toco a sua face com carinho...

Mas quando você dorme,

Esquece de mim...

Como se eu fosse um objeto...

Espero poder um dia,

Deitar ao teu lado na cama,

E não na cabeceira como sempre...

Pois mesmo sendo seus óculos...

Eu tenho sentimento...

Eu queria ser minhas palavras,

Mas eu não posso...

Pois eu ia entrar na sua mente...

Penetrar e invadir sua alma...

Eu viveria apenas enquanto pronunciada,

E a sua foice da morte iria ceifar minha vida...

Eu lamentaria o conflito com minha metade,

Pois seria a minha vida...

Ou o Silêncio...

Sinto-me só...

Procuro meu caminho...

Tento te esquecer...

E depois de todos esses anos eu percebo,

Que nunca deixei de te amar...

Seu olhar sincero,

Seu sorriso doce,

Aquele seu jeitinho de me pedir o impossível...

Após muito tempo,

Eu vejo que você é tudo o que eu preciso...

Tentei procurar seu cheiro em outra pele,

Procurei seu olhar em amores transitórios,

Mas nada se compara à beleza dos teus gestos...

Observo a primavera...

Os pássaros cantam e voam,

Amam-se e constroem ninhos...

Muitas primaveras se passaram,

E de nada adiantou...

Não sei voar nem cantar,

Não tenho ninho,

Não tenho você...

Observo as estrelas,

Lembro do brilho do teu olhar,

E de quando eu parava na sua frente,

Admirando os defeitos de sua perfeição...

Eu me pergunto se algum dia,

Ainda vou sentir seu toque novamente...

Pois quando mudar de idéia me procure,

Eu estarei aqui...

Em minha face ébria

Cultuo e celebro as taças vazias

O reflexo macilento do meu corpo diante o espelho

Apenas demonstra a calamidade da minha alma

Cambaleio entre soluços

A brasa ainda acesa do meu cigarro

Faz-me tragar a insanidade

Tão necessária quanto o oxigênio

Que purifica meus pulmões

Olhares alheios fitando um vagabundo mortuário

Com as pálpebras pesadas

Quase adormecido em uma mesa

Sozinho

Meus dedos tateando levemente

O cano de ama arma carregada

Lágrimas escorrendo em minha face

Enquanto nuvens negras encobrem os céus

O silêncio perturbador me permeando a sanidade

Faz-me tremer em agonia

E com ela vem o desespero

Pois a única saída que me resta

É abandonar essa carcaça fatigada e infeliz

Apertar o gatilho...

Era uma vez um menino

Que levava uma vida triste

Sob um problema que insiste,

Vivendo nas asas do destino

Era uma vez um garoto

Que a todos mostrava segurança

Através de um olhar triste e um sorriso maroto

No coração, só lhe resta a esperança...

Na realidade o medo

Ele não faz de sua vida seu maior segredo

Todos sabem da sua dor

Só ele sabe a cura

E só precisa de amor

Pra ser uma pessoa segura

Era uma vez um jovem

Com idéias brilhantes

Que de repente descobre

Que tem uma mente distante

Começa a descobrir

O que nunca ninguém pensou

Simplesmente deixando sumir

Aquilo que tanto buscou

Foi quando um belo dia

Desiludido encontrou alguém

Uma pessoa que faria

Seu coração ficar bem

Era uma vez um homem

Que quando a encontra

Todos os problemas somem

E simplesmente demonstra

O quanto está feliz

Por que ela é muito mais

Que tudo que ele quis

Era uma vez um amor

Nasceu de forma inocente e incrível

Fez desaparecer a dor

Numa linda figura tangível

Era uma vez um pai

Orgulhoso por sua família

E de sua mente não sai

A primeira vez que viu sua filha

Sorrindo no colo de sua mulher

E começa a se perguntar

O que mais um homem quer?

Era uma vez um herói

Com seus filhos formados

Mas com o tempo o corpo corrói

Ficando só o aprendizado

E num último suspiro em sua cama

Diz à mulher que esta ao lado

O quanto ele a ama

Era uma vez uma história

Com começo, meio e fim

De alguém que foi assim

Símbolo de vitória

E um homem que já amou

E correu atrás daquilo

Que desde criança sonhou

E a vida passou como um tiro

Mas ainda assim foi com glória

Pois esse chapéu que agora eu tiro

É para esse herói

Que ficará na memória...